Sempre busquei uma escola que fosse capaz de suprir as necessidades acadêmicas sem perder de vista o fato de que nem todas as crianças caem na faixa normal da curva de Gauss.
Era papelzinho atestando como eles estavam em silêncio no corredor, ou um vale que dava direito a passar 15 minutos na biblioteca devido a algum bom comportamento, ou um aviso dizendo que em tal sexta-feira, porque a classe estava mostrando grande habilidade em solucionar os atritos, eles poderiam levar um brinquedo. Até que uma tarde tocou o telefone.
A perspectiva de uma criança que consegue experimentar o sucesso no dia-a-dia. Ao mesmo tempo, colocavam regras claras e rígidas que, quando quebradas os alunos sabiam que teriam uma conseqüência já estabelecida. E que, quando eles optavam por quebrar essas regras, nenhuma grande atenção, além da necessária para impor a conseqüência, era gasta.
O que vi, nas diferentes escolas que visitei, foi professores em ambiente calmo, tranquilo, refletindo constantemente para seus alunos o seu potencial, não perdendo o controle quando alguma regra era quebrada, antecipando problemas e elogiando alunos quando eles se comportavam conforme o esperado.
A maioria das escolas se mostra adequada para grande parte das crianças, mas são inúmeros os pais que se queixam de que não conseguem encontrar uma escola adequada para seu filho(a) que tem TDAH, distúrbio do aprendizado, ou outros diagnósticos. Essas crianças ficam à mercê da sorte, de encontrar uma professora que compre sua briga.
O destino fez com que, por acaso, durante nossa estadia nos Estados Unidos, meus filhos fossem matriculados numa escola dessas. Olhando de fora parecia uma escola comum. Pública, de classe média, numa cidade do interior. Mas não demorou para que percebêssemos que tinha alguma coisa diferente ali. Dia após dia, as crianças chegavam em casa com algum sucesso para contar.
Era papelzinho atestando como eles estavam em silêncio no corredor, ou um vale que dava direito a passar 15 minutos na biblioteca devido a algum bom comportamento, ou um aviso dizendo que em tal sexta-feira, porque a classe estava mostrando grande habilidade em solucionar os atritos, eles poderiam levar um brinquedo. Até que uma tarde tocou o telefone.
Uma das professoras ligou para conversar comigo. Começou dizendo como meu filho estava sendo muito paciente na sua adaptação, o quanto de coragem estava demonstrando cada vez que arriscava uma resposta mesmo sem dominar o idioma, como ele estava sendo respeitoso ao seguir as regras, como estava sendo tolerante com as outras crianças que não aprendiam no mesmo ritmo. E por aí afora. Após os elogios fiquei esperando para que ela passasse para os problemas.
Para minha surpresa, não havia problema algum. O telefonema era só para compartilhar o que estava dando certo!
Esse foi o ponto de partida para que eu procurasse o diretor. Nunca tinha visto uma escola tão positiva, que mudasse de modo tão animador o comportamento dos meus filhos. Queria saber qual era o método que eles aplicavam lá. Ele me explicou que lá existia um grande problema com a disciplina.
Todos os dias se formava uma fila de alunos “problema” que eram mandados para a diretoria para conversar. E que ele, diretor, ocupava parte do seu tempo tentando resolver esses assuntos.
Aliado a isso havia a queixa dos professores de que eles não haviam tido, durante sua formação, nenhuma orientação de como lidar com questões de disciplina, com crianças difíceis, com TDAH ou outros diagnósticos, que vinham de lares disfuncionais e que não se encaixavam e não respondiam às técnicas comuns que eles haviam experimentado.
Eles decidiram então usar um modelo que foi implantado numa escola em Tucson, Arizona. Aquela escola, de 800 alunos, mais de 80% de baixa renda e com crianças em grande desvantagem sócio-econômica foi por oito anos seguidos a campeã de suspensão de alunos na cidade.
Foi quando eles passaram a usar uma técnica, desenvolvida por Howard Glasser, inicialmente para tratamento de portadores de TDAH e posteriormente, devido aos seus resultados, estendida para todas as crianças. Por essa abordagem os professores desenvolvem um vocabulário riquíssimo para descrever os sucessos e pontos positivos de todos os alunos, de modo que eles começam a se enxergar sob uma perspectiva diferente e melhor.
A perspectiva de uma criança que consegue experimentar o sucesso no dia-a-dia. Ao mesmo tempo, colocavam regras claras e rígidas que, quando quebradas os alunos sabiam que teriam uma conseqüência já estabelecida. E que, quando eles optavam por quebrar essas regras, nenhuma grande atenção, além da necessária para impor a conseqüência, era gasta.
O resultado foi que, já no primeiro ano sob esse programa, apenas um aluno foi suspenso, não houve nenhum caso relatado de “bullying”, as notas aumentaram exponencialmente e nenhum professor pediu transferência para outra escola (o que era um milagre, já que ninguém queria lecionar lá)!!!
O segredo foi que os professores, após curto treinamento, conseguiam ver a apontar para os alunos, de modo muito convincente, os valores que cada um carregava dentro de si, suas qualidades e pontos fortes. Ninguém mais gastava energia e valorizava o que eles faziam de errado. Eles foram bombardeados por uma enxurrada de sucessos e se convenceram que podiam ser esse sucesso.
Imagine o que significou para tais crianças as mães receberem um telefonema não para comunicar uma suspensão, mas para dizer o quanto a criança estava sendo íntegra no último mês?
O que significa para uma classe ouvir que eles estavam mostrando tanto que sabiam planejar bem, fazer escolhas e permanecer na tarefa que, para comemorar, na sexta-feira iam ganhar uma festa?
Esses resultados de Tucson inspiraram centenas de professores a experimentar esta técnica em suas classes.
O que vi, nas diferentes escolas que visitei, foi professores em ambiente calmo, tranquilo, refletindo constantemente para seus alunos o seu potencial, não perdendo o controle quando alguma regra era quebrada, antecipando problemas e elogiando alunos quando eles se comportavam conforme o esperado.
Vi alunos querendo fazer parte daquelas classes, não chegando atrasados, não faltando às aulas, não deixando de fazer a tarefa e prestando atenção, porque queriam fazer parte daquele grupo!
Eu acredito na escola como a chance mais viável para se alcançar uma sociedade melhor. E sei que no Brasil, nossos problemas são ainda maiores.
Eu acredito na escola como a chance mais viável para se alcançar uma sociedade melhor. E sei que no Brasil, nossos problemas são ainda maiores.
Nossos professores são sobrecarregados, recebem salários injustos e, à semelhança dos americanos, foram treinados para ensinar e não para lidar com crianças difíceis, com problemas de disciplina. Penso que é hora de se disseminar esse modelo no nosso meio.
Ele não requer nenhuma tecnologia, não tem um custo alto e depende apenas de algumas horas de treinamento. Faz bem para os alunos, aumenta a auto-estima, melhora as notas, faz com que alunos e professores queiram ir para a escola.
Não só as crianças com TDAH ou com distúrbios do aprendizado passam a florescer.
Todas ganham. Ganham também os professores, que passam a trabalhar com prazer, e não num ambiente estressante.
O que é preciso para isso?
Poucas horas de treinamento, disposição e coragem para mudar.
Fonte: Comunidade Aprender Criança - http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/noticias-do-cerebro/educando-nos-dias-de-hoje-o-sucesso-da-disciplina-assertiva
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