sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Escolas especializadas em déficit de atenção - matéria da revista ISTO É

Centros de apoio e colégios buscam conhecimento para lidar com portadores de transtorno que prejudica o aprendizado

Claudia Jordão

O aluno não para quieto na sala de aula, pede para ir ao banheiro o tempo todo, puxa conversa com os colegas de classe. As consequências desse tipo de comportamento costumam se refletir nas notas vermelhas do boletim. Até há alguns anos, estudantes com esse perfil eram tachados de bagunceiros ou, até mesmo, sem educação.


Hoje em dia, no entanto, sabe-se que muitos deles possuem o TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. De ordem neurobiológica, ele provoca desatenção, inquietude e impulsividade, atinge de 3% a 5% das crianças e costuma ser tratado com uma com binação de medicamentos, terapia e orientação pedagógica.

Especialistas defendem a ideia de que o portador desse transtorno deve frequentar a sala de aula e contar com o apoio de um segundo professor, só para ele, como acontece nos Estados Unidos, onde esse direito é garantido por lei. No Brasil, não há legislação a respeito, mas começam a surgir centros de apoio ao aluno - que oferecem aulas particulares com base no currículo da instituição de ensino regular -, e escolas têm buscado especialização para lidar com a questão de maneira eficiente.

É o caso, por exemplo, do centro de apoio ao aluno Vésper, em São Paulo. Aberto a qualquer aluno que tenha dificuldade no aprendizado, ele oferece aos portadores do TDAH atendimento individual. Psicopedagogos e professores os ajudam a fazer a lição de casa e os orientam em questões relacionadas ao aprendizado.

"No Estudo Orientado trabalhamos, através de atividades específicas, organização, atenção, concentração e técnicas que melhoram a profundidade de leitura", diz a fundadora do Vésper, Nívea Basile. Com 30 anos de profissão, a psicopedagoga diz que o ensino de alunos com o déficit de atenção ou hiperativos é tema fundamental nos dias atuais. "Tenho a impressão de que o problema cresce a cada ano", diz. "A rotina das crianças em casa é corrida, elas mudam demais de escola, isso prejudica tudo." Por isso, Nívea faz questão de ter um ambiente tranquilo a seu favor. Ela e seus professores falam baixo e pausadamente. Suas mensagens são claras e diretas.


Esse suporte também começa a existir em algumas escolas particulares. Psicóloga da Esil Educacional, no Rio de Janeiro, Andréa Rosa nutre o desejo de dar aos alunos da instituição a mesma estrutura oferecida nos Estados Unidos. "Meu sonho é ter um tutor por sala de aula", diz. No ano passado, ela ajudou a implementar o Espaço Integrar, uma sala que tem a presença de um pedagogo especializado, capaz de acolher o estudante com déficit de atenção e hiperatividade e o profes sor dele em situações mais delicadas.


Além disso, se for indicado, esse profissional pode auxiliar em sala de aula, dependendo da atividade. Muitos dos mestres da escola já têm MBA em inclusão. Educadores do Colégio Singular, rede de escolas no ABC paulista, fizeram um curso no início do ano sobre o tema. Oferecido pelo NEA (Núcleo Especializado de Aprendizado), da Faculdade de Medicina do ABC, reuniu neuropediatra, psicólogos e psicopedagogos. O programa despertou tanto interesse nos educadores que sete deles já iniciaram a pós-graduação em capacitação e aperfeiçoamento em dislexia e TDAH, também na Faculdade de Medicina do ABC.

"Na ânsia de encontrar respostas para o mau desempenho de seus filhos na escola, os pais recorrem cada vez mais ao termo", diz Daniela Antico, orientadora do Singular, em São Bernardo do Campo. "Queremos ter mais condições de diferenciar a criança hiperativa da indisciplinada." Portadora do transtorno e educadora há 30 anos, a psicopedagoga Rosemeire Henriques se arrisca a dizer que muitas crianças, com níveis mais baixos do transtorno, poderiam abrir mão da medicação, recurso muito utilizado, se tivessem um acompanhamento adequado em casa e na escola. "Os alunos estão chegando para as aulas dopados", diz.

A inclusão com qualidade cresceu, mas está longe de ser ideal. Mãe de Diego, 10 anos, a executiva de vendas Débora Gomes diz que o filho sofreu preconceito nas escolas por onde passou até ser matriculado no Esil, no ano passado. "Foram quatro escolas em quatro anos", conta. "Agora, ele já não se sente mais culpado por tudo de ruim que acontece ao seu redor." Assim como o tratamento de Diego, a mudança de mentalidade dos educadores, apesar de significativa, está apenas começando.


FONTE : REVISTA ISTO É

8 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela postagem. Realmente o tema é muito delicado e profundo.

Além do ESIL existe aqui no Rio outra escola que tem essa mesma filosofia com os alunos?

Anônimo disse...

Poderíamos ter uma relação de escolas que estejam preparadas e/ou dispostas a receber crianças com TDAH.
Estou no Rio de Janeiro e conheço apenas duas, ESIL e LES PETITS (que não é especializada, mas se adequou com perfeição às necessidades do meu filho, que tem 6 anos, tem o acompanhamento de uma psicopedagoga e evoluiu incrivelmente durante 2011).
No final de 2010, fiz uma busca minuciosa na TIJUCA, foi cansativo e frustrante conhecer escolas renomadas que fizeram questão de mostrar que estão totalmente despreparadas e não pretendem estar aptas.
Abraços,
Lorena Flor
(lorenaflor.natura@yahoo.com.br)

paula disse...

Estou aqui procurando saber quais são os direitos das crianças portadoras de TDAH em colégios particulares chorando pq não aguento mais as punições do colégio em relação ao meu filho. Temo que ele seja expulso for falta de abordagem correta do colégio com crianças portadoras de tdah.

Gostaria que me ajudassem a entender quais são os direitos legais do meu filho.

Paula - Rio de Janeiro.

paula disse...

Obrigada pela atenção mais eu não gostaria de trocá-lo de escola pois apesar de toda a dificuldade ele adora a escola.
O que eu gostaria era de saber se existem leis que asseguram a permanência dele na escola com tratamento diferenciado para que eu possa estar exigindo da coordenação.
Na escola que ele esrudou anteriormente e que só sai pq só vai até o quinto ano do ensino fundamental e ele agora está no sétimo, eu fui obrigada a entrar com um processo criminal contra a mãe de um aluno que o ameaçou pq ele, o filho dela e mais dois brigaram por causa de bola.
Paula (Rio de Janeiro)

Anônimo disse...

Gostaria de receber uma lista de escolas daqui de sao paulo capital, que estao aptas a receber criancas na educacao infantil com o tdah, pois o meu filho tem apenas 3 anos e estamos com essa suspeita. Agradeco a atencao, cristiane
Criseleko@yahoo.com.br

Solange disse...

P

Solange disse...

Parceria

O governo poderia abrir escolas ou fazer parceria com entidades privadas que estejam preparadas para tratarem de crianças com este tipo de problema, se eu tivesse condições financeiras (ou seja) fosse bem rica, eu iria abrir uma escola para atender crianças com TDAH.
Algum político poderia fazer PL (proposta de lei) para que fosse obrigatório a criação de escolas especializadas para crianças com este tipo de transtornos e de outros também, é claro!
Escolas essa com ambiente, profissionais capacitados para lhe dar com o problema.
Dizem que crianças com este problema deve ser colocada no meio das outras (as que são consideradas mais normais) eu não comungo com essa idéia, pois, as escolas não tem o menor interesse por esses tipos de crianças e por isso, elas sofrem dobrado, pois, as escolas, os profissionais não estão preparados para o problema, e os colegas (considerados normais) não sabem e não entendem o que se passa com aquela criança, e com isso, temos os maus-tratos, desprezo, Bullying e outras covardias e o sofrimento se torna maior ainda. Só as famílias envolvidas no problema é que sabem como é árduo e doloroso lhe dar com essa situação.
Estou indignada! pois, não se tem, até onde eu sei, uma escola apropriada para lhe dar com essas crianças.
Acho que as crianças acima de tudo e de todos, devem ser amadas, olhadas, ajudadas, tratadas. A criança deve vir em primeiro lugar, são prioridades sobre qualquer outra coisa. Eu amo as crianças, se tivesse o controle do mundo em minhas mãos crianças não sofreriam nunca.

Anônimo disse...

Estou desesperada. Mudei para o Rio de Janeiro e estou batendo de porta em porta e as escolas se negam a receber meu filho de 9 anos pq ele tem TDAH. Ela foi alfabetizado esse ano mas superou as dificuldades mas ainda assim as escolas parecem discriminar. Estou assustada. Ele estudava numa escola maravilhosa em Sorocaba e agora estamos perdidos. Alguem pode indicar alguma escola na Tijuca no Rio?
Muito obrigada.
Daniela
DGODOY2006@YAHOO.COM