segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dislexia

Definir dislexia talvez seja uma das tarefas mais controversas da área. Na literatura há uma gama de nomenclaturas e classificações propostas, isso dificulta a formação de uma linguagem única e padronizada, levando a uma falta de entendimento entre os profissionais.

Entre as definições de dislexia do desenvolvimento temos a proposta pelo DSM-IV (2002), na qual o transtorno de leitura (dislexia) "consiste em rendimento em leitura substancialmente inferior ao esperado para a idade cronológica, inteligência e escolaridade do indivíduo". Outros autores, entre eles Ellis, 1995; Pinheiro, 1994; Nunes, 1992; Condemarin e Blomquist, 1989, Massi e Silva 2001, definem a dislexia do desenvolvimento como "sendo é uma desordem na aprendizagem da leitura com competência, que acomete crianças com inteligência dentro dos padrões de normalidade, sem deficiências sensoriais, isentas de comprometimento emocional significativo e com oportunidades educacionais adequadas".


Para compreendermos melhor a dislexia temos que diferenciar os dois tipos existentes, a dislexia de desenvolvimento e a dislexia adquirida. A dislexia do desenvolvimento também chamada de primária ou específica é aquela na qual a inabilidade na aquisição completa da competência de leitura é de origem constitucional. Já a dislexia adquirida ou sintomática ocorre quando as habilidades de leitura já desenvolvidas são perdidas devido a uma lesão cerebral (Spreen, Risser e Edgel, 1995; Pinheiro, 1995, Salles, Parente e Machado 2004).

As dislexias adquiridas podem ser subdivididas, segundo Pinheiro 1994 e Morais 1996 em dislexias periféricas e centrais. Na dislexia periférica a lesão localiza-se no sistema de análise visual, dificultando a percepção das letras. Na dislexia central, além do comprometimento do sistema de análise visual, há também alteração em parte de uma das rotas, fonológica ou lexical ou em ambas.

Já as dislexias do desenvolvimento têm inúmeras formas de classificação. Neste artigo utilizaremos o modelo de Dupla Rota proposta por Ellis, 1995, por ter sido extraído de vários outros nas áreas de consenso. A partir deste modelo podemos classificar as dislexias do desenvolvimento em: Dislexia fonológica ou sublexical, Dislexia lexical ou de superfície e Dislexia Mista.


Na dislexia fonológica freqüentemente ocorrem problemas no conversor grafema-fomena e/ou em vincular os sons parciais em uma palavra completa (França e Moojen, 2006). A rota lexical nestes casos apresenta aceitável funcionamento. As dificuldades encontram-se na leitura de palavras de baixa incidência, sílabas desconexas e pseudopalavras. As palavras familiares são lidas com razoável desempenho.


Na dislexia lexical, há uma dificuldade em operar utilizando-se a via lexical. Nestes casos a rota fonológica está relativamente preservada. As dificuldades residem na leitura de palavras irregulares, a leitura é lenta, vacilante, silabada devido à necessidade de operar pela via fonológica.

Na dislexia mista os problemas estão focalizados em ambas as vias, fonológica e lexical. Estes quadros, em geral, são mais graves e necessitam de maior empenho para atenuar as alterações.

Laura Niquini de Faria Fonoaudióloga do Hospital de Olhos - CRF. 6143/MG

Fonte: http://www.dislexiadeleitura.com.br/artigos.php?codigo=38

Mentes inquietas - por Andréia Lédio

Taxados de impulsivos, desatentos e agitados, portadores de TDAH sofrem preconceito
"Minha filha vivia no mundo-da-lua, era pouco sociável e tímida. Eu sempre recebia bilhetinhos de advertência sobre seu comportamento disperso na sala de aula. Mas quando a psicóloga fez o primeiro laudo de Taís e diagnosticou que ela tinha TDAH, meu mundo desabou!"
A mãe Viviane Gajardo relembra o momento em que descobriu que sua caçula, de 11 anos, não era somente uma garota distraída e desatenta, mas portadora do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade [TDAH].
"Chorei muito, pois me sentia culpada por não ter percebido o problema antes e poupado minha filha de tantas frustrações e preconceito."
Assim como Viviane, grande parte da população desconhece que o TDAH é o transtorno neurobiológico mais comum na idade escolar. Estima-se que de 3% a 6% das crianças e adolescentes apresentam o distúrbio.
A fonoaudióloga Fernanda Vilanova Almeida afirma que, geralmente, essas crianças e jovens apresentam algum tipo de dificuldade na escola, como a de começar e terminar uma simples tarefa.
De acordo com a psiquiatra Lídia Straus, a inexistência de exames laboratoriais dificulta a identificação precoce do transtorno.
"O único instrumento para diagnosticar o TDAH é a observação. Alguns indícios começam bem cedo: já no primeiro ano de vida podemos identificar bebês que não conseguem estabelecer um ritmo de mamada, que se irritam facilmente e dormem muito pouco", explica a médica, que informa, ainda, que o diagnóstico é feito a partir dos cinco anos - quando a criança atinge certa sociabilidade e também está na idade escolar. "
Para o TDAH ser diagnosticado, os sintomas devem aparecer em mais de um ambiente: em casa, na escola, no clube, em casa de amigos..."

"Às vezes o aluno com TDAH não tem paciência ou se distrai e não responde à questão da prova. Mas se o teste for oral, ele se sairá muito bem", exemplifica a fonoaudióloga Fernanda Almeida.
Entretanto, a especialista alerta para o cuidado em confundir o TDAH com má-educação e falta de limites.
"Muitas vezes chegam casos de crianças que não têm TDAH, mas a ausência da figura dos pais, da autoridade, de limites e respeito. Portanto, é preciso que familiares e educadores fiquem atentos para que possam fazer essa diferenciação."
Na idade adulta
Durante muitos anos, pensou-se que o TDAH era uma síndrome exclusiva da infância. Porém, com o aprofundamento das pesquisas, os cientistas concluíram que o quadro neurobiológico é genético e seu curso é crônico.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o psiquiatra Paulo Mattos, cerca de 70% das crianças portadoras continuam a apresentar os sintomas do transtorno quando crescem.

Há menos de um ano, o mineiro Leonardo Rocha Pena se descobriu portador de TDAH.
"Procurei um psicólogo, pois estava muito deprimido, com problemas conjugais e me surpreendi com o comentário do profissional ao falar que eu era um TDAH em potencial."
Apesar da surpresa desagradável, o contabilista de 33 anos afirma que se sentiu aliviado com a notícia. "Por saber que durante toda a minha vida fui tratado como um problema e, de repente, descobri que, em boa parte, as coisas aconteceram devido a um transtorno. Eu sempre fui diferente, mas agora estava encontrando o meu lugar."
A pedagoga e pesquisadora do Centro de Neuropedatria do Hospital das Clínicas de Curitiba Maria Cristina Bromberg, afirma que quanto mais tarde o problema é diagnosticado, maiores os prejuízos sociais, educacionais e psicológicos, pois o adulto não diagnosticado na infância cresce sem ter consciência da causa do seu comportamento e sem a possibilidade de criar ajustes na sua maneira individual de ser.
Intervenção Multidisciplinar
Para o psiquiatra João Artur Winkelman, após diagnosticado o TDAH, o medicamento deve ser necessariamente prescrito. "O remédio abrevia o sofrimento e melhora a qualidade de vida", garante.

Além da abordagem farmacológica, o tratamento do TDAH envolve ainda o acompanhamento psicoterápico e psicossocial. Essa combinação de tratamento, que engloba profissionais das área médica, de saúde mental e emocional, é denominada de intervenção multidisciplinar.
Leonardo Pena enfatiza que informações sobre o transtorno, dados de como interfere no comportamento e das possibilidades de melhora são essenciais para a evolução do quadro.
"O tratamento em si é um auxílio enorme, mas não podemos acreditar que apenas ele resolve o problema. O que acredito ser primordial para a melhora do quadro de TDAH é a pessoa aceitar o transtorno."
Fonte: Revista Paradoxo.com